Luta, superação, empoderamento e muito trabalho. Essa é a realidade de 30 milhões de mulheres brasileiras que resolveram entrar no mundo do empreendedorismo feminino e construir seu próprio negócio.
Em meio a um país onde apenas 21% dos jovens brasileiros, entre 25 e 34 anos, concluíram o Ensino Superior, segundo o levantamento ‘Educationt Glance’, elaborado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2021 e no qual há uma desigualdade de gênero e econômica bastante acentuada, o empreendedorismo feminino ganha espaço, força e transforma milhares de mulheres em protagonistas da própria história
O empreendedorismo feminino no Brasil
O Brasil é o sétimo país com mais mulheres empreendedoras no mundo. Em uma escala global, segundo os dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2020, as mulheres representam 48% das Microempreendedoras Individuais.
Assim sendo, de acordo com a professora do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Marinilza Bruno de Carvalho alguns fatores contribuem para esse crescimento exponencial de Microempreendedoras no Brasil:
“Inicialmente, trata-se da determinação de fazer algo, e infelizmente, a dificuldade da educação. Assim, em lugar de arranjar um emprego qualquer, sem qualificação adequada, elas buscam fazer o que gostam e sabem. Daí são mais produtivas e rentáveis. Mesmo trabalhando mais e ganhando menos. Se tivessem condição e tempo de estudar e fazerem cursos mais especializados, elas estariam no topo do mundo “, afirma a docente.
Beleza, moda e alimentação são os setores que disputam a preferência das mulheres empreendedoras, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM).
Após sofrer uma crise durante o período pandêmico, 70% dos estabelecimentos de beleza perderam clientes e registraram queda no faturamento.
Todavia, o setor de serviços voltado para o mercado de beleza é uma das áreas que teve maior crescimento em 2022 graças a estratégias de microempreendedoras.
Marinilza destaca que, em sua maioria, o mercado de beleza possui áreas que fazem procedimentos conhecidos e de rápida aprendizagem.
Assim sendo, na falta de uma educação especializada, mas com determinação e atitude empreendedora, as mulheres conseguem se libertar do poder de terceiros e cuidar da própria vida.
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Mulheres movimentando o setor de beleza
Atualmente, cerca de 800 mil pessoas trabalham como cabeleireiro ou manicure.
Principalmente, após a sofisticação de serviços oferecidos nos salões de beleza como, por exemplo, o design de unhas.
Ainda de acordo com o Instituto Embelleze, maior rede de franquias do segmento de beleza da América Latina, as cinco profissões do futuro e as que apresentaram maior crescimento no último ano são: Manicure e Pedicure, com 101%; Especialização e Alongamento em Unhas, 92%; Designer de Cílios, que registrou 91% e, por fim, Designer de Sobrancelhas que teve um crescimento de 17%.
Dessa forma, o segmento de beleza segue crescendo e as empreendedoras continuam empoderando, por meio da estética, outras mulheres.
Mas a realidade do mercado nem sempre é favorável: segundo o IBGE, entre 2014 e 2019, quase 10 milhões de mulheres assumiram o posto de chefe de família, ganhando cerca de 27% a menos que os homens.
Há também outro desafio que intensifica o machismo e a misoginia: a dupla jornada de trabalho. Apesar do empreendedorismo permitir jornadas mais flexíveis, para a professora da Uerj Marinilza, o empreendedorismo intensifica essa dupla jornada.
Todavia, ela considera que a maior vantagem das mulheres empreendedoras é o gosto e determinação pelo o que fazem.
“A maioria das pessoas buscam o retorno financeiro somente,mas as pessoas que fazem o que gostam, já comprovado cientificamente, produzem mais e melhor, ainda que trabalhando mais”, afirma a docente.