Investigação avança na Petrobras e diretores têm celulares apreendidos

Após a decisão do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Benjamim Zimler de investigar um contrato da Unigel com a Petrobras, a auditoria interna da estatal também abriu uma apuração sobre o acordo. A área técnica do tribunal entendeu que o diretor William França teria desrespeitado os protocolos de governança interna, já que o assunto deveria ter sido aprovado pela diretoria-executiva e pelo conselho de administração.

O contrato em questão, no valor de R$ 759 milhões, foi firmado nos últimos dias de 2023, especificamente em 29 de dezembro. A área técnica do TCU identificou “possíveis irregularidades” no acordo, que, durante seus oito meses de vigência, poderia acarretar um prejuízo de R$ 487 milhões para a estatal, de acordo com os técnicos do tribunal. O contrato envolve a industrialização, armazenamento, expedição, faturamento e pós-venda de ureia e amônia pelas fábricas de fertilizantes nitrogenados da Petrobras em Sergipe e na Bahia, arrendadas ao grupo Unigel desde 2019.

Francisco Petros, presidente do Comitê de Auditoria Estatutário da Petrobras e representante dos minoritários no conselho, contratou a empresa de auditoria KPMG para investigar o caso. Se as demonstrações financeiras não forem aprovadas pela auditoria contratada até a reunião prevista para 5 de março, a distribuição de dividendos da Petrobras pode ficar ameaçada.

Paralelamente, surgiram três denúncias nos canais de denúncias da empresa, alegando que os diretores William França e Sérgio Caetano, indicados por Jean Paul Prates, pressionaram as equipes técnicas a aprovar o contrato. Os celulares dos dois diretores também foram apreendidos pela auditoria interna da Petrobras e estão sob investigação.

Em resposta às informações veiculadas, a Petrobras esclareceu que a KPMG é a empresa de auditoria independente da Petrobras desde 2017 e que não foi contratada pelo Comitê de Auditoria Estatuária ou por qualquer de seus membros para realizar apuração sobre o contrato da Unigel. Além disso, a Petrobras negou que a KPMG tenha recomendado o afastamento dos diretores do processo de certificação das demonstrações financeiras.

Este desdobramento coloca em evidência a importância da transparência e da governança corporativa nas relações entre empresas e órgãos reguladores, especialmente em um setor tão estratégico como o energético e petroquímico.

Fonte: G1

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