A importação de produtos de pequeno valor, adquiridos em plataformas digitais reconhecidas como Aliexpress, Shein e Shopee, apresentou um crescimento significativo em agosto de 2023, chegando a um montante de US$ 1,012 bilhão.
Uma Volta por Cima?
No universo dinâmico das importações, pequenas alterações em regulamentações ou na conjuntura econômica podem gerar flutuações significativas nos números. O mês de agosto de 2023 serviu como um testemunho palpável dessa volatilidade. O aumento registrado nesse mês, alcançando US$ 1,012 bilhões, mostrou uma resiliência notável, com um crescimento de 32,9% em relação ao mês anterior, julho de 2023, que teve um total de US$ 761 milhões em importações. Tal ressurgimento é ainda mais impressionante ao considerarmos que esse foi exatamente o mês em que o Brasil adotou novas regras tributárias para essa categoria de produtos.
Contudo, nem tudo são flores. Se voltarmos um ano no tempo e compararmos os números de agosto de 2023 com os de agosto de 2022, uma imagem mais matizada se revela. Em 2022, o valor das importações no mês de agosto atingiu a marca de US$ 1,171 bilhões, o que significa que, em um ano, houve um recuo de 13,6%. Uma pergunta pertinente surge: o que poderia ter causado essa queda significativa em um ano, mesmo com o crescimento mensal robusto observado em 2023?
Para esclarecer esse enigma, a Vixtra, uma fintech renomada especializada em comércio exterior, decidiu mergulhar nos números. Utilizando informações recentemente divulgadas pelo Banco Central, a empresa traçou um panorama detalhado das importações e de sua evolução ao longo do tempo. Seus dados revelaram não apenas as oscilações mensais e anuais, mas também as tendências subjacentes e os fatores potenciais que influenciaram essas variações.
A capacidade de um país de adaptar-se rapidamente às mudanças, especialmente em um ambiente econômico globalizado, é essencial para a saúde de sua economia. As cifras de agosto de 2023, apesar de sua natureza ambígua, mostram uma economia em movimento, reagindo e adaptando-se às novas circunstâncias. Resta saber quais surpresas os próximos meses nos reservam.
Insegurança e Oscilação
A incerteza gerada pelas discussões sobre a nova taxação do governo nos produtos importados culminou em uma hesitação notável entre os consumidores. Isso impactou diretamente as compras online oriundas de sites internacionais, gerando uma queda expressiva nas importações de produtos de pequeno valor no primeiro semestre de 2023. Contudo, as perspectivas são de estabilização com a implementação da nova regra tributária.
Entendendo a Nova Regra
A “Remessa Conforme”, um novo programa da Receita Federal, isenta mercadorias de valor inferior a US$ 50 (cerca de R$ 245) do imposto federal de importação. Contudo, para usufruir dessa isenção, os varejistas devem recolher o ICMS, que possui uma alíquota única de 17% em todos os estados brasileiros. Para compras que ultrapassam o valor de US$ 50, a taxação de 60% sobre o produto ainda prevalece. Importante ressaltar que as remessas entre indivíduos seguem isentas.
Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra, contextualiza: “Ao longo dos últimos meses, observou-se uma intensa discussão sobre a taxação de produtos. Isso resultou em um recuo nas importações e subsequentes oscilações nos meses que se seguiram, devido às incertezas relacionadas às possíveis mudanças tributárias.”
No entanto, Baltieri é otimista. “Com a introdução da ‘Remessa Conforme’ e a adesão dos principais players ao programa, os consumidores agora têm maior clareza sobre as taxas e os custos finais, permitindo uma melhor previsibilidade na hora de decidir pela compra.”
Balanço Anual
Até o momento, ao longo de 2023, as importações acumularam US$ 6,9 bilhões, uma queda de 6,2% em relação ao mesmo período de 2022, quando o valor atingiu US$ 7,3 bilhões. Isso representa uma diferença de US$ 451 milhões.
Apesar das oscilações nas importações durante o ano e das mudanças tributárias, o interesse dos brasileiros nos produtos dessas plataformas de e-commerce é inegável. “A clareza nas regras tributárias e o valor agregado dessas compras continuarão sendo fatores de atração para os consumidores. Com o aumento dos preços para os consumidores, pode ser desafiador alcançar os volumes do ano anterior, mas as perspectivas para as importações nos próximos anos permanecem positivas,” conclui Baltieri.