Desvendando a Logística por Trás da Entrega de Produtos na Shein, AliExpress e Shopee

Nos últimos anos, não é surpresa que os brasileiros têm buscado cada vez mais fazer suas compras nos renomados sites e aplicativos internacionais, como Shein, AliExpress, Shopee, Amazon e Wish.
 
Segundo um levantamento do setor aduaneiro da Receita Federal sobre as importações de produtos para o Brasil, as compras realizadas por meio do comércio eletrônico de fronteira cruzada (cross border) cresceram impressionantes 150% nos últimos cinco anos, totalizando mais de 176 milhões de volumes importados em 2022, abrangendo tanto itens tributáveis quanto isentos, como cartas e documentos.
 
Esse aumento significativo na movimentação de mercadorias demanda uma intrincada estrutura logística, a qual inclui uma série de contratos com empresas de transporte de cargas.
 
Essas mercadorias atravessam o vasto Oceano Pacífico, percorrendo mais de 16 mil km entre o Brasil e a China, para chegar rapidamente às residências dos consumidores brasileiros.
 

Estratégias de Organização Empresarial

Para atender à crescente demanda por entregas ágeis e vencer a batalha dos fretes rápidos, as empresas desse setor têm investido em grandes galpões que operam como centros de distribuição. Elas utilizam serviços de empresas de logística internacional e também têm expandido suas próprias frotas de aviões, responsáveis por conectar Brasil e Ásia.
 
No contexto brasileiro, as importações de produtos são classificadas em duas categorias de remessa: expressa e postal. A primeira é geralmente usada por empresas em suas importações, enquanto a segunda, devido ao seu custo mais baixo, é popular entre pessoas físicas que realizam compras no comércio eletrônico de fronteira cruzada. Além disso, no Brasil, existem 41 empresas autorizadas a prestar serviços de courier, responsáveis por coletar e entregar produtos provenientes do exterior dentro do território nacional. Nomes como DHL, FedEx e Cainiao fazem parte desse grupo.
 
O relatório aduaneiro da Receita Federal também revela que, para os mais de 176 milhões de volumes importados em 2022 no Brasil, foram emitidas 3,4 milhões de Declarações de Importação de Remessa (DIR), que representam um valor superior a R$ 245 milhões em itens provenientes do exterior. Essa estatística indica um crescimento de 32% em relação a 2021.
 
O aumento nas remessas postais contribuiu para uma arrecadação de R$ 639 milhões em impostos de importação e multas para o Governo Federal, representando um aumento de 24% em comparação ao ano anterior.
 

A Engrenagem Logística

A gigante chinesa Alibaba, reconhecida no Brasil por seu marketplace AliExpress, estabeleceu o país como um de seus cinco principais mercados. Como resultado, expandiu significativamente sua rede logística no Brasil. Em 2021, a empresa iniciou operações com cinco voos semanais, e em 2022, anunciou o aumento para oito voos semanais para transportar mercadorias vendidas por meio do site no Brasil e enviadas da China.
 
Por outro lado, a Shein, que não possui frota própria, se vale dos serviços de empresas de transporte de carga, enquanto investe em galpões logísticos no Brasil. Esse movimento foi acelerado com o anúncio de sua estratégia de produção local, anteriormente baseada na China.
 
A Shein também se associou à fábrica Coteminas e à plataforma de entregas Pegaki, que utiliza coletas para ventilar sua produção local.
 
No Brasil, a Shein dispõe de cinco centros de distribuição, localizados em São Paulo nas áreas de Guarulhos, Embu das Artes e Perus. Juntos, esses galpões abrangem uma área de armazenamento de produtos de aproximadamente 200 mil metros quadrados, equivalente a 18 campos de futebol.
 
Neles, são armazenados itens produzidos tanto no Brasil quanto na China. Embora atualmente operem 164 unidades fabris, a expectativa da empresa é alcançar a marca de 2 mil unidades fabris no Brasil nos próximos anos.
 
Já na plataforma Shopee, com 3 milhões de vendedores cadastrados, 85% das transações são provenientes desses vendedores, enquanto os restantes 15% envolvem transações internacionais. Apesar de também aceitar compras de outros países, a ênfase está nas transações feitas por vendedores de lojas virtuais locais.
 
A entrega dos produtos ocorre através de parcerias com empresas logísticas, eliminando a necessidade de espaço para o armazenamento de produtos produzidos por eles.
 
Nessa era de comércio globalizado e interconexão digital, a complexa logística que sustenta as operações dessas gigantes do e-commerce é a responsável por viabilizar a entrega rápida e eficaz dos produtos, permitindo que consumidores de todo o Brasil desfrutem de uma ampla variedade de produtos adquiridos de mercados distantes.

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